1. |
miragem
03:42
|
|||
I
eis que estou aqui
com o arrepio na nuca, uma memória do topo de minha cidade
e um olhar cheio de saudades
do céu azul,
de um amor vivido nas ruas do centro
de um tropeço e um riso.
RASCUNHOS SOBRE BAHIA
Galego (Gabriel Carvalho)
|
||||
2. |
fumaça
03:12
|
|||
II
é o vento
cortando a multidão
e encontrando o meu ouvido dizendo baixo
palavras dispersas da bahia oculta
de outro tempo
do amanhã.
o bonde que passou,
o passo rápido,
a corrida;
nada será como antes.
RASCUNHOS SOBRE BAHIA
Galego (Gabriel Carvalho)
|
||||
3. |
borda
04:24
|
|||
III
é a tarde alegre
atrás de um choro inconstante de saudade.
a palavra dita no ar rarefeito
descendo até o mar
e caindo nas graças de uma onda rasa
arranhando meu peito
sobrevoando meus medos
e dentro de mim
fazendo morada.
nada está dado nessa vida.
RASCUNHOS SOBRE BAHIA
Galego (Gabriel Carvalho)
|
||||
4. |
miopia
04:00
|
|||
IV
rasga
e não volta atrás.
fere à faca e ferro o fundo de meu corpo metal polido em solidão
trilha de outro tempo
deserto de enigmas
maldição
e, quem sabe, um sopro de asilo
uma firmeza no olhar,
uma tranquilidade
no zumbido de um besouro solto no mundo,
correndo nas ruas do carmo
olhando tudo.
RASCUNHOS SOBRE BAHIA
Galego (Gabriel Carvalho)
|
||||
5. |
nuance
04:00
|
|||
V
e quando chega o tempo
que rimos sentados nas praças com os amigos
ainda é tempo de viver
de ferver meu peito
e ditar as regras do futuro
ainda é tempo de ver o tempo outro o mundo outro a voz de outrora
e na areia amarela de nossa cidade
contemplar a amizade
tão banal no verão;
o choro está posto,
o riso nós é que fazemos.
RASCUNHOS SOBRE BAHIA
Galego (Gabriel Carvalho)
|
||||
6. |
infância
02:56
|
|||
VI
quando acordo
e ouço os balanços do vento
o mundo está sereno
e o medo,
tão traiçoeiro amigo,
se esvai.
quando sinto o amor dos meus,
nas noites sem veneno,
em que sei que é tempo,
sei que tudo é feito para isso,
e a vida
experiência tão passageira
não nos dá outro momento.
quando me deito,
lembro dos passos malfeitos
e rememoro os pulos ao futuro
de um mergulho no mundo
que ainda não sei
mas tenho ciência:
serão meus.
RASCUNHOS SOBRE BAHIA
Galego (Gabriel Carvalho)
|
||||
7. |
chance
04:39
|
|||
VII
o corte fundo
pelos dentes dessa bahia brutal
nos faz esquecer a poesia
de uma terra transcendental
fora do comum.
o sangue jorra, é tão certo
e nunca parou.
e os olhos que não veem
nem se enchem de ódio e temor
estão errados.
essa é a bahia real.
que a foice corta e a vida espia
e ainda assim
dizemos baixinho
é tempo de amor.
RASCUNHOS SOBRE BAHIA
Galego (Gabriel Carvalho)
|
||||
8. |
areia
06:36
|
|||
VIII
a guerra está no ar.
tá maluco quem não vê.
é luta atrás de corre
é morte e muita dor.
a vida cobra.
o mundo força.
e o sofrimento,
que por vezes aparece sem anunciar chegada,
fica comendo pelas beirada
achando que acabou.
mas não.
ainda não.
RASCUNHOS SOBRE BAHIA
Galego (Gabriel Carvalho)
|
||||
9. |
asfalto
04:08
|
|||
IX
por isso o gosto de um futuro na boca seca desperta o amanhã.
e o riso com os amigos
desperta a tranquilidade do entardecer.
é fé, o nome do outro dia.
é tempo, que nunca vai embora.
se a vida cobra,
se a lágrima vem,
quem é você pra fugir de quem,
tá aqui o preço
a firmeza e o chão.
a bahia de mil cãos.
o passado assombroso.
a verdade cristalina.
e o riso,
que por vezes parece uma mentira fina,
permanece
no peito, mais verdade do que nunca
porque não estamos sós
nessa imensidão de azul
nesses pés na areia
nessa cerveja gelada
chamada bahia.
RASCUNHOS SOBRE BAHIA
Galego (Gabriel Carvalho)
|
||||
10. |
sal
04:29
|
aurata Salvador, Brazil
uma permanência circular::
looped, noisy, lofi,
experimental music
Streaming and Download help
If you like aurata, you may also like:
Bandcamp Daily your guide to the world of Bandcamp